Pinguim com rastreador é encontrado morto em SC após encalhar 2 vezes em praias brasileiras
25/06/2025
(Foto: Reprodução) Animal recebeu o transmissor satelital, dispositivo que rastreia sua localização, após ser resgatado pela última vez e passar por tratamento. Pinguim com rastreador é encontrado morto em praia de SC
Um pinguim-de-magalhães com um transmissor satelital, dispositivo que rastreia localização em tempo real, foi encontrado morto na Praia Deserta em Itapoá, no Litoral Norte de Santa Catarina. Segundo o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), a suspeita é que o animal tenha morrido afogado após se enroscar em uma rede de pesca.
Os pesquisadores identificaram que o pinguim já havia encalhado em águas brasileiras pelo menos duas vezes: primeiro em Angra dos Reis (RJ), em 2024, depois na Ilha do Mel (PR), em janeiro deste ano (veja histórico abaixo).
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A ave foi encontrada morta em 22 de maio, menos de um mês após ter sido reintroduzida à natureza. O caso só foi divulgado nesta semana.
As últimas informações do rastreamento do pinguim, segundo o PMP-BS, são do dia anterior, e confirmaram que a ave estava pela região do Litoral Norte catarinense.
🔎 O transmissor satelital é uma tecnologia aliada à conservação ambiental, que permite obter informações valiosas sobre a localização dos animais reabilitados e a direção da jornada migratória. A instalação foi conduzida pelo veterinário Guilherme Bortolotto, professor de Ecologia Marinha da Aberystwyth University, no Reino Unido, e pesquisador parceiro da Associação R3 Animal.
Ocorrência
A ocorrência foi registrada pela unidade de monitoramento da Universidade de Joinville (Univille) durante o monitoramento semanal no local, considerado de difícil acesso, na divisa entre Santa Catarina e Paraná.
O animal estava na restinga, próximo de uma rede de pesca. A necropsia indicou que se tratava de uma fêmea juvenil muito magra, com sinais sugestivos de ter sido capturada acidentalmente pelo artefato.
Como o sensor havia sido arrancado do dorso, a equipe suspeita que alguém tenha mexido no pinguim depois de morto.
Pinguim-de-magalhães com um transmissor satelital é encontrado morto em praia de Itapoá (SC)
PMP-BS/Univille/Divulgação
Histórico de encalhes
Com base nos dados obtidos por meio do transmissor satelital e do microchip implantado no pinguim, o projeto confirmou que o mesmo indivíduo já havia encalhado em outras praias do litoral brasileiro.
Em agosto de 2024, foi resgatado na Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ). Depois de mais de 4 meses de tratamento, foi solto em 26 de dezembro com outros pinguins no Parque Estadual da Laje de Santos (SP).
Em 21 de janeiro deste ano, o animal foi encontrado o animal na Ilha do Mel (PR), onde permaneceu com a equipe do local por 35 dias até ser transferido para R3 Animal em Florianópolis, onde já havia alguns indivíduos para formação de grupo e posterior soltura. Antes de retornar à vida livre, em 5 de maio, o paciente recebeu o transmissor satelital. A soltura foi próxima a Ilha do Xavier em Florianópolis.
Pinguim recebeu o transmissor satelital antes de ser encontrado morto
PMP-BS/Univille/Divulgação
Sensor
A instalação do sensor é simples, segundo a equipe, e consiste em camadas de fitas impermeáveis por entre as penas, que “abraçam” o dispositivo.
Conforme o professor de Ecologia Marinha e pesquisador parceiro da R3 Animal Guilherme Bortolotto, o peso do equipamento varia entre 3% e 5% do peso do animal, garantindo que sua capacidade de mergulho e gasto energético permaneçam intactos.
“O tamanho e peso dos tags são insignificantes em relação às dimensões do animal, sem impactar negativamente o seu bem-estar ou hidrodinâmica, seguindo convenções internacionais”, explica.
A bateria dos rastreadores funciona por 8 horas diárias, transmitindo um sinal por minuto, com uma duração estimada de três meses.
A realização do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, para as atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.
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